em abril, 2008

Precisamos pensar nessa tal consciência de corpo como um exercício. Um trabalho que deve ser executado com extremo cuidado em prol do conhecimento do próprio corpo (de seus limites e de suas possibilidades). Trata-se da capacidade de percepção e da possibilidade de expressão imediata das experiências vivenciadas por este corpo no espaço que o circunscreve.
Antes de pensar na estrutura do nosso corpo, proponho que imaginemos dentro de nós um ponto a que chamaremos centro de equilíbrio. Devemos pensar em equilíbrio como equivalência de forças antagônicas num sistema de inter-relação dinâmica. Essa dinâmica já é, em si mesma, a possibilidade de movimento.
Nosso centro de equilíbrio é a bacia que está em comunhão com as forças da gravidade e de repulsão do solo. A Bacia apara, recebe, equilibra e redireciona estas forças. Para ela, também, convergimos pesos da cabeça e da coluna, bem como as forças de repulsão do solo. Nossas pernas apóiam nossa bacia ou estão, simplesmente, conectadas a ela. Portanto é à bacia que devemos nos remeter para mais rapidamente encontrar nosso equilíbrio, seja durante o movimento ou, simplesmente, na posição estática.
A bacia não é plana, mas tridimensional, portanto, com expressões em todas as direções do espaço. Descer o mental até a bacia e percebê-la como volume é, portanto, um princípio de base para iniciarmos nossos deslocamentos no espaço.
Estruturalmente, nosso corpo é sustentado por ossos e músculos. Os ossos são ligados uns aos outros por articulações que permitem que o movimento aconteça.. O esqueleto é o trunfo mecânico da Natureza e o movimento é o resultado das condições estabelecidas de acordo com princípios básicos que dirigem um mecanismo dinâmico. As linhas de força atravessam os ossos. Dessa maneira, a sensação de movimento já está presente neles. Os músculos, numa primeira instância, são responsáveis pelo revestimento dos ossos, conferindo a eles a proteção necessária. Esse conjunto todo é ligado ao Sistema Nervoso central que exerce comandos sobre os ossos, articulações e músculos pela ação de seu auxiliar, o Sistema Nervoso Periférico. Esses impulsos nervosos fazem movimentar essa estrutura.
Para certificar-se de sua presença, ou seja, para tornar-se consciente, o corpo precisa do movimento. O movimento é um fator coordenador da nossa estrutura e garante a ela coesão, densidade, tônus e unidade.
A dança pode existir como manifestação artística ou como forma de divertimento e/ou cerimônia. Como arte, a dança se expressa através dos signos de movimento, com ou sem ligação musical para um determinado público que, ao longo do tempo, foi se desvinculando das particularidades do teatro.
A comunicação humana ocorre por meio de diferentes códigos e linguagens. Dentre estes, a gestualidade e a movimentação ampla do corpo desempenham um importante papel em diferentes situações comunicativas, tanto em relações interpessoais como nos processos de comunicação social efetivados pelas diferentes mídias. Sendo assim, a experimentação e a compreensão da arte do movimento por meio da dança pode propiciar as pessoas um maior conhecimento do corpo e de seu potencial comunicativo.
Referências de vídeo:
Exposição "Bodies" de Gunther von Hagens evidencia a estrutura do corpo humano sob a técnica da plastinização.
Exposição de fotos de Ana Olívia Godoy, Desirée Machado e Plutarco H. Resultado de uma pesquisa que tem o corpo humano e a luz como ferramentas de criação. Testemunho da descoberta de inúmeras possibilidades de movimento diante da luz que desenha corpos.
Simone Spoladore em "LavourArcaica", a compás do sangue que lateja em suas veias, num trecho do filme apelidado (apropriadamente?) pelo usuário do YouTube como "Teoria e Prática do Duende".
Manu Ángel, bailarina, coreógrafa e professora de Flamenco assina este post.
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