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Manu Ángel.

sábado, 29 de março de 2008

ALeGRiaS


Quando se entra en Cai
por la baía
se entra en el paraíso
de la Alegria

Cante e baile de compás misto (ou de amálgama) composto por 12 tempos. Destes 12, os tempos 3, 6, 8, 10 e 12 são acentuados.

Existe uma opinião geral de que as Alegrias configuraram-se musicalmente na região de Cádiz no primeiro quarto do século XIX e que o impulso para seu surgimento teve origem na chamada Jota de Cádiz cantada na época da Guerra da Independência (1808-1814). A Jota de Cádiz sofreu um proceesso de "aflamencamento" devido à influência rítmica da Soleá. Tanto no cante como no baile, as Alegrias são idênticas à ela na métrica. No entanto, seu compás é mais ligeiro e tem um ar mais vivo.

Constituem o estilo Flamenco que, de forma mais exata, expressa toda a atmosfera da região gatidana. Tem como temas comuns mar, sal, sol e ainda outros temas ligados às viscissitudes históricas e geográficas. As Alegrias mais antigas, por exemplo, podem falar da Guerra, mas apesar desse conteúdo mais denso, são facilmente identificadas pela sonoridade leve, própria do estilo.

As Alegrias caracterizam-se pelo dinamismo e pela desenvoltura, sendo um cante próprio para baile. Iniciam-se, geralmente, com o "Tirititrán", trava-línguas característico deste cante que é composto por sílabas sem sentido real onde o cantaor passeia pelo tom da música entrando no "clima" do palo que será interpretado. A invenção do "Tirititrán" é atribuída ao gaditano Ignácio Ezpeleta que, numa festa, teria supostamente se esquecido da letra que cantava, inserindo o trava-linguas, como improviso, na melodia. Futuramente o "Tirititrán " seria considerado marca registrada das Alegrias.

Desde sua criação, no século XIX, as Alegrias ganharam o caráter de cante festero como as Bulerías e os Tangos. Nos tempos dos Cafés Cantantes eram bailadas por ícones como Juana la Macarrona, La Malena, La Mejorana e Gabriela Ortega dentre outras grandes bailaoras. Hoje em dia é um estilo que não pode faltar nos repertórios de baile.
Glossário:
  1. Cante: Conjunto de composições musicais em diferentes estilos que surgiram entre o último terço do séc. XVIII e a primeira metade do séc.XIX, devido a justaposição de modos musicais e foclóricos existentes na Andaluzia.
  2. Baile: É a dança propriamente dita. Apresenta um caráter vivo e encontra-se em constante evolução, mas suas características básicas cristalizaram-se entre 1869 e 1929, a chamada idade do ouro do flamenco.
  3. Compás: Medida de uma frase musical com sua acentuação correspondente.
  4. Soleá: Medida de uma frase musical com sua acentuação correspondente.
  5. Gaditano(a): Aquele(a) natural de (ou relativo à) Cádiz.
  6. Palo: Nome que recebe cada estilo de cante.
  7. Bulerías: Cante e baile flamencos de compasso misto e ritmo vivo.
  8. Tangos: Cante e baile flamencos com compasso de 4/4, bem marcado e alegre .
  9. Cafés Cantantes: Locais que serviam bebidas e ofereciam recitais de cante, baile e guitarra. Durante o apogeu, na segunda metade do secXIX, contribuiram para difundir a prática profissional do flamenco.

Referências de Vídeo:


Inmaculada Ortega, Escobilla e Bulerías de Cádiz


Miguel Tellez e Mari Paz, bailaores, no Tablao Casa Patas



Trecho do Filme "Flamenco" (de Saura) com Matilde Coral


Arcángel e Miguel Angel Cortés

Referências na Internet:

- Flamenco World (Alegrias)
- Horizonte Flamenco (Alegrias)
- Triste y Azul (Alegrias)

Referências no acervo do Tirititrán:

- Audio: MATCD006, MATCD007, MATCD008, MATMP3002, MATMP3003, MATMP3004.
- Leitura: MATLIV001, MATAPO001, MATAPO002.
- Vídeo: MATDVD017, MATDVD018, MATDVD049, MATDVD054.

Manu Ángel, bailarina, coreógrafa e professora de Flamenco assina este post.

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