
O vestuário flamenco transcende a categoria de “roupa típica”. Os trajes usados pelas sevilhanas – e também pelas bailaoras e cantaoras - está em constante evolução, por imposição de uma moda própria, que se reinventa a cada temporada.
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Traje de Flamenca
"Cuando paso por tu vera
y me roza tu vestio,
hasta los huesos me tiemblan"
É a roupa que se deve vestir se vamos à “Feria de Sevilla” ou qualquer outra feira da Andaluzia. As roupas típicas flamencas são objetos de contínua renovação, ao contrário do que ocorre com outros trajes tradicionais. É o único traje regional que evolui com a moda.
"Con tus lágrimas me haré
de agua clara unos zarzillos
y unos zapatos de miel
hechos con tu desvarío
Con tus besos me bordaré
a mi volantes bravíos
con tu sangre pintaré lunares
lunaritos en tu vestido"

Guadalupe Moda Flamenca
Loli Vera
Flamenco export
Loli Vera
Guadalupe Moda Flamenca ----8<--------------------
Origem
“Pa saber de donde vienes
no hay que ser un adivino
no hace falta más que verte
la hechura de tu vestido”
A origem do vestuário flamenco se remonta aos vestidos que as mulheres andaluzas do século XIX usavam para trabalhar. Eram os mesmos vestidos que usavam as acompanhantes dos donos de gado nas reuniões da “Feria de Abril” de Sevilha. A profissionalização do flamenco contribuiu para consagrar a vestimenta tradicional andaluza como vestuário próprio do palco, enriquecendo os tecidos, ornamentos e complementos - uma liberdade criativa que incentivou a evolução de um traje que nos anos sessenta chegou, inclusive, a ser mini-saia.
Em 1935 já é possível ver os trajes típicos, com babados e mantoncillos.
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Tradição em evolução
“Thamar, bórrame los ojos
con tu fija madrugada.
Mis hilos de sangre
tejen volantes sobre tu falda”
Nos anos 80, o corte da saia ainda era alto, quase na cintura.
A partir dos anos noventa, depois de uma década de trajes barrocamente carregados de encaixes e fitas de cetim, a roupa flamenca, em um assalto de simplicidade, deixou de lado adornos, goma e quadris escondidos, sofrendo uma metamorfose que a tornou vaporoso, leve e sensual. Tecidos sedosos, cores lisas e as eternas bolas começaram a envolver uma mulher que passou a exibir seu contorno, baixando a cintura e os babados.
Nos anos 90 começam a aparecer nas feiras cortes de saia cada vez mais baixos, que marcavam mais o corpo feminino.
Com a virada do milênio, resgata-se algumas referências do passado, sem renunciar à cintura baixa. A roupa se divide em duas peças, e as bolas aumentam de tamanho. Reinvenções que atingem, inclusive, os complementos. Se em um ano se leva a flor grande e baixa junto ao coque, no ano seguinte ela é pequena e alta; se em um ano o brinco é de argola, no outro é pendurado; se em um ano o mantoncillo tem flores pintadas, no outro é um tecido estampado.
Loli Vera
Guadalupe Moda Flamenca ----8<--------------------
Indústria
“Parate Manuel
Que a mi falda le falta el freno
De la maquina de coser”
Essa permanente reinvenção obriga suas portadoras a acompanhar sempre as tendências de uma moda que nasce tanto na máquina de costura das amadoras, quanto nas grandes empresas dedicadas à fabricação deste peculiar vestuário. De fato, o setor já move mais de 120 milhões de euros anualmente (cerca de 360 milhões de reais). Um exemplo da magnitude deste segmento é o Salão Internacional de Moda Flamenca (Simof), que acontece todos os anos na Espanha.
SIMOF - Vicky Martín
SIMOF 2008
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Alta costura
“La silla de la cocina
tiene el niquelao partío,
y mi niña se ha enganchao
el encaje del vestío.
Tenía que ser
el día que lo estrenaba
y el que yo le regalé”
O traje flamenco chegou até a alta costura, sendo inspiração para estilistas como Yves Saint Laurent ou os sevillanos Vittorio & Lucchino, que chegaram a criar uma linha exclusiva de moda flamenca. Essa inclinação também se estendeu aos figurinos de palco, pois se Francis Montesinos veste a bailaora Eva Yerbabuena, Armani veste Joaquín Cortés.
Príncipes da Espanha. A princesa de Astúrias veste uma saia inspirada nas estampas dos tradicionais mantones de manila.
A jovem Rocío Molina opta por figurinos que combinam com seu estilo contemporâneo de dança, que vão de modernos vestidos a um conjunto de couro com botas de cano alto.
Inmaculada Ortega aposta nos tecidos originais, com cores quentes e cortes inusitados.
O vestuário masculino também se atualizou, e hoje já não faz referência aos trajes dos toureiros.
Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Vicente Escudero, José Greco, Manolo Vargas, Alfonso Losa, Pol Vaquero, Domingo Ortega e o "aficionado" Joaquín Cortés.
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Assista a trechos de dois desfiles do SIMOF 2008:
Ao final do vídeo a modelo dança, usando um scarpin de salto 10 finíssimo
Confira uma seleção de modelos de traje de flamenca, de diversos estilistas, desfilados nas edições de 2008 e 2009 do SIMOF:
Fontes:
http://www.flamenco- world.com/magazine/about/traje/etraje.htm
http://www.deflamenco.com/
http://www.abc.es/multimedia/fotos/28157.asp (A evolução do traje de flamenca em fotos)
Lojas e estilistas de trajes de baile e paseo:
Espanha
http://www.pilarvera.com/
http://www.modalolivera.com/
http://www.guadalupemodaflamenca.com/
http://www.flamencoexport.com/
Brasil
http://www.lunaresflamenco.com.br/
http://www.maire.com.br/
http://www.riatita.com.br/