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Manu Ángel.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

RoMaNCe

Cante Flamenco também conhecido por Corrido Gitano ou Corrida que foi originado de uma entonação especial (forma individual) tendo como base os romances populares andaluzes e que não tinha nenhum acompanhamento musical. Este estilo é considerado, por alguns estudiosos, como o mais primitivo do Flamenco de onde teriam sido derivadas as Tonás.

De maneira geral, o romance é uma forma poética de grande destaque. Mas há um romanceiro latente na tradição gitana que é de suma importância na análise da formação e evolução dos diferentes estilos que encontramos na árvore genealógica do Flamenco.

Acredita-se que os Romances incorporaram restos de canções deixadas por diversos povos que se estabeleceram na Espanha durante séculos tendo sido disseminados pelo folclore e pela geografia espanhola. O Romance na Andalucía sofreu algumas transformações dentro da própria prática dos cantaores flamencos que, na tentativa de adaptá-lo à guitarra, acabaram aproximando o estilo da Alboreá (que era, nada mais nada menos, que uma espécie de Soleá bailável). Sua prática tinha um caráter privado. Acontecia entre os gitanos em festas muito íntimas como as bodas gitanas onde estes dois estilos eram predominantes. Por isso é que encontramos registros de várias Alboreás com trechos de Romances.

Muitos Romances tratam de temas de guerra, mas os temas “novelescos” (novelas em resumo), - como por exemplo o do Conde del Sol (escrito, possivelmente, no século XVI) - são cantados na Andalucía até hoje.

Grandes guerras se publican
entre España y Portugal;
al Conde Sol lo nombran
por Capitán General.
La condesa como es niña
Todo se le va en llorar.
Díme, conde, cuántos años
Tienes que estar por allá.

Estando en su estancia un dia
La fue su padre a buscar.
¿Qué tienes, hija del alma,
que no paras de llorar?.
Padre, padre de mi alma,
Por la del Santo Grial
Que me dé vuestra licencia
Para al Conde ir a buscar...



Romance del Conde del Sol, por María Luisa Pérez


José de la Tomasa (cante)


Vicente Soto (Cante)

O Romance também já foi cantado na função de Nanas.

Como os conhecimentos acerta do Flamenco estão baseados em, noventa por cento, na “tradição oral” e nas formas já conhecidas de cante acredita-se que os Romances foram, dessa maneira, aprendidos nos núcleos familiares e interpretados, em raras ocasiões. Alguns cantaores, inclusive, tiveram que fazer um verdadeiro esforço para relembrá-los.

Com o passar do tempo alguns Romances ganharam fragmentos de outros, mas o importante é a sua melodia e seu caráter interpretativo. Os Romances foram incluídos na obra discográfica “Magna Antologia del Cante Flamenco” e constituem-se como importante documento musical para o estudo da evolução do Cante Flamenco.

Como forma flamenca, o Romance passou despercebido dos flamencólogos e até por volta de 1960 era um estilo sem nomenclatura, quase desconhecido e por isso, pouco tratado. Atualmente, com a gravação de vários Romances em linha primitiva (sem acompanhamento musical), acredita-se que um passo importante esteja sendo dado no sentido de esclarecer a nebulosa origem do cante pois estudos comparativos podem determinar seu valor musical junto às Tonás, aos Martinetes e às Alboréas.

A variante ao compasso de Soleá por Bulerías, teve como principais intérpretes Chiclanita e vários membros da família Chaqueta. Mas Antônio Mairena é considerado como o melhor difusor dos Romances ao compasso de Soleá por Bulerías.



Karla Guzmán (baile)


Israel Galván (baile)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

BaMBeRaS

Bamba. “Bamb”, onomatopéia de balanceio.

Cante com copla de quatro versos octossílabos. Ás vezes o primeiro e o terceiro são heptassílabos e o segundo e o quarto pentassílabos.

É procedente do folclore andaluz e é um dos exemplos mais claros do processo de “aflamencamento” de canções. Sua origem é puramente campestre e vem do costume de acompanhar cantando o movimento da gangorra (dessas feitas com tábua de madeira resistente e cordas presas aos galhos mais fortes das árvores).

As coplas eram distribuídas entre aqueles que estavam à gangorra e aqueles que compunham o grupo que acompanhava a brincadeira em volta dela. Os amantes guardavam para estas ocasiões todas as suas queixas e com uma imaginação viva e perspicaz, improvisavam expressivas canções que tratavam de temas como repreensão cortados, muitas vezes, por palavras doces e ainda: galanteios, ressentimentos, gafes e desabafos de paixão contida.

Entre savanas de Holanda
y colchas de Carmesí
Está mi niño (o mi amante) durmiendo
Que parece un serafín


Como Cante Flamenco foi popularizado por La Niña de los Peines. Posteriormente foi interpretado por um bom número de cantaores que deram a este estilo diferentes matizes. Pastora compilou várias letras dessas canções populares dando-lhes caráter flamenco ajustando-as ao compasso de Fandangos e não ao de Soleá, como se acreditava até pouco tempo.

Naranjito de Triana e Paco de Lucia mudaram o conceito deste cante, respeitando a melodia de Pastora, fazendo o câmbio da rítmica para a de Soleá por Bulerías. Atualmente, as Bamberas são executadas sob esta forma de compasso. O acompanhamento é feito por arriba e seu remate é feito em tonalidade menor.



As Bamberas são conhecidas, também, como Cantes del Columpio devido aos seus “vai-e-véns” melódicos.

Péinate tú con mis peines,
que mis peines son de azúcar,
quien con mis peines se peina,
hasta los dedos se chupa.

Péinate tú con mis peines,
mis peines son de canela,
la gachí que se peina con mis peines,
canela lleva de veras.


Miguel Alonso (baile)